My World

sexta-feira, dezembro 09, 2005
Mad World - Gary Jules

All around me are familiar faces
Worn out places
Worn out faces
Bright and early for the daily races
Going no where
Going no where
Their tears are filling up their glasses
No expression
No expression
Hide my head I wanna drown my sorrow
No tomorrow
No tomorrow
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I’m dying are the best I’ve ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad world
Mad world
Children waiting for the day they feel good
Happy birthday
Happy birthday
And I feel the way that every child should
Sit and listen
Sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me
No one knew me
Hello teacher tell me what’s my lesson
Look right through me
Look right through me
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I’m dying are the best I’ve ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad world
Mad world
Enlarging your world
Mad world

És tu!

quinta-feira, dezembro 01, 2005
Pára de rir, pára de sorrir, pára de dançar, pára de falar... Pára de olhar pra mim.
Pára de me fazer sentir especial, pára de ser especial, pára de me fazer esvair para um mundo cheio de coisas que não quero, que não devo, e pior, às quais não chego, não chego a ti, não estou no mesmo mundo que tu...

Sai do meu mundo, sai de um mundo em que existo contigo, somos os dois, existimos os dois, porque neste mundo, que, sem ti, não faz sentido, não existo, sou apenas mais um que sonha...
Sai dos meus sonhos, pára de sorrir, deixa de ser mais uma personagem num mundo que é só meu.

Quero-te aqui, ao meu lado, a sorrir e a dançar, num mundo que seja nosso.
Esse mundo nosso, é meu, meu e só meu, que existe apenas porque tu o invadiste, tomaste conta da única parte que eu não controlo, do único espaço vazio, que estava à espera de ti (espero eu), à espera de alguém que me fizesse sentir o homem mais idiota do mundo, que me fizesse vacilar na minha, tão certa, caminhada para um vida solitária e sempre à espera de que esse espaço e o meu, que controlava, fosse preenchido por ti, por uma força como a tua, que derrubasse o meu domínio sobre algo que nunca controlei.

Não és minha, nunca foste, mas és aquela força que eu quero que me destrone, que me faça sentir, como fazes, o bobo em vez do rei...
Ao pé de ti rio sem razão, ao pé de ti tremo sem medo ou frio, ao pé de ti sei que a minha soberania sobre o meu mundo está nas tuas mãos, e que, provavelmente, nunca vais ter consciência desse poder. Ao pé de ti sou Gulliver na terra dos gigantes lutando pela sobrevivência sem grande esperança.

Fico sem saber o que dizer, fico como um qualquer homem fica perante uma mulher que salta sobre todos os muros, destrói todas as trincheiras, para o fazer feliz, mesmo que seja no mundo dele.
És tu no meu mundo, a heroína... No mundo real, não passas de um sonho...
Pára de me olhar como se o meu mundo fosse o nosso!

Última Estrada

terça-feira, novembro 22, 2005
Vou andando numa estrada com os sinais ao contrário, numa estrada que não conheço e na qual não sei andar. Numa estrada sem traços que me indiquem o caminho, numa estrada com destino definido para todos, menos para mim. Todos os acidentes porque passei me afectam, alterando o meu rumo, mudando a minha direcção, deixando-me sem norte e sem sul, sem noção de onde vim e para onde vou... Tenho sinais que me ajudam, mas no momento em que os vejo, eles tornam-se invisíveis, imperceptíveis ao meu olhar, nada me pode nem consegue ajudar nesta estrada. Dependo de mim e só de mim. Tudo é paisagem, sim... TUDO!

À minha volta há um mundo que me dita mais uma estrada, mais um caminho, mas é tudo ilusão, faz tudo parte de um filme que eu imagino e que me deixa perdido.
A minha estrada é feita dos acidentes porque passei em vez das curvas que se seguem... Determinam o meu caminho os acidentes, não as rectas que passei...

Sou triste e sempre serei, enquanto os acidentes ditarem a minha estrada...
Espero não ser este o meu último testemunho neste blog, e, por consequência, o último texto que escrevo...
Quero voltar a ter vontade de escrever...

Fora de tudo...

quinta-feira, outubro 20, 2005
Estou no sentido certo, mas na estrada errada, não sei o que quero, mas sei o que não quero...

É triste. Sei o que não quero ser, mas sei que não sou o que quero... preciso de uma paz que não vem, preciso de alguém que não está, preciso do que não existe porque não quero ou não consigo, preciso de algo que me dê alento pra ser o que ainda não sou... quero o que já tive, e mais o que nunca foi meu. Quero alguém que faça de mim o que nunca ninguém fez, nem mesmo quando fui feliz. Quero alguém que me transforme no que ambiciono ser sem se impor, sem me pressionar, apenas me leve a ser um homem melhor.

Porra, NÃO CHEGA!!!

Acho que preciso de alguém por quem eu precise de ser um homem melhor e não alguém que faça de mim esse homem. Contradigo-me, sou incoerente, mas não é inconsciente, é propositado, tenho consciência que não sou o que quero, nem como lá chegarei, sei que já tive oportunidade de ser o que acho que quero ser, mas não chego lá sozinho, preciso de alguém, alguem que já tive, mas nao foi suficiente, alguem que, a única coisa que me deu, foi saber o que não quero...

Não quero mentiras, não quero ilusões... Falo de amor, pois claro, falo de coisas que não sei explicar, falo de amores que apenas me disseram: "este não é o caminho", foram importantes? Claro que sim, até o que mais me magoou foi importante.. mas não chega, sou fraco, sou triste, sou humano, ou não... mas no meu mundo preciso de mais do que eu, eu por mim, não chego...
Sou forte para tantas coisas, e noutras, tão fraco, sou humano, talvez menos humano que outros, mas preciso de alguém. Alguém que me faça sentir forte, e não apenas por uma noite, ou momento, preciso de mais do que momentos, embora sejam esses que me fazem feliz...

Mudam-se os tempos... não se mudam as vontades!

quarta-feira, outubro 12, 2005
Uma música de 1979 que hoje nos faz pensar, com as devidas diferenças, que há músicas intemporais. No fundo, a história repete-se... Mal sabia o Sr. José Mário branco que, 26 anos depois, teria tanta razão em chamar filhos da puta aos "comandantes" de um país reformado por uma revolta militar, era suposto ser para melhor... Deram-nos a liberdade... E nós, o que fizemos com ela?

Queria tanto que este texto, fizesse parte dos livros de história, mas não faz, este texto é o reflexo do que vivemos hoje, são os filhos de uma revolução histórica que devia ter ficado para a história como um ponto de viragem, e se revelou apenas uma ligeira curva, que feita a 180Km/h não nos desviou do caminho, apenas nos enevoou a vista para que tudo parecesse melhor, nos colocam hoje na pele do Sr. José Mário Branco.

Somos livres, mas a balbúrdia do pós 25 de abril permanece, disfarçada de maçã, para nos levar à tentação de cedermos ao passado, com uma vontade de revolta tal, que, não podendo fazer outro 25 de Abril, nos leva a pensar noutra data para ficar nos anais da história como mais uma curva ligeira...
É um texto escrito por um homem que passou o que eu nunca irei passar ( espero não me arrepender desta frase) é um texto com excertos que hoje consideramos excessivos e sem sentido, espero que a história que se segue nos conserve este sentimento de que não voltaremos a viver o que o Sr. José Mário Branco viveu e escrevermos um dia algo tão forte como ele.

As diferenças são muitas nos nomes, mas tão poucas na essência, temos que ter cuidar, para que daqui a, não tão poucos anos como isso, não estejamos a escrever músicas ou textos desta índole. Cuidar para que isto não se repita, e lutar contra os filhos da puta que estão convencidos que não haverá outro 25 de abril.

A quem tiver a paciência de ler este extenso post, recomendo que tente colocar-se na pele de um homem que lutou por uma mudança de um país, e que chega à conclusão que apenas se fez uma ligeira curva no destino de um país que um dia foi dono do mundo.


FMI

Cachucho não é coisa que me traga a mimMais novidade do que lagostimNariz que reconhece o cheiro do pilimDistingue bem o mortimor do meirimA produtividade, ora aí está, quer dizerHá tanto nesta terra que ainda está por fazerEntrar por aí a dentro, analisar, e entãoDo meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Um encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?A one, a two, a one two three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com os decassílabos que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.



Recordo os momentos

quarta-feira, setembro 28, 2005
Estou sentado no sofá, tudo escuro, olhos fechados, penso em ti, e em ti, não tanto em ti, e definitivamente não em ti. Vem-me à memória os carinhos que tive contigo e contigo, abafa-me saber que não estás aqui, nem tu. Desespero por um afago, um beijo, um olhar...

Que posso fazer? Recordar. Recordar-te naquele momento que me senti seguro, amado, por ti e por ti. São momentos que não esqueço, que me fazem sentir mal e bem ao mesmo tempo, porque naqueles momentos eu e tu, e tu, fomos felizes e já não o somos, pelo menos juntos e isso dói-me.

Lembro todos os pormenores dos momentos íntimos, e a cada recordação, volto a ser feliz, ao teu lado e ao teu. Tive vários momentos de felicidade contigo e contigo também, e vou voltar a tê-los, com quem, não sei, só espero não ter que voltar a recorrer às recordações para ter momentos de felicidade. Sofro porque fui feliz, contigo e contigo, e agora és feliz sem mim, como eu serei sem ti e sem ti.

Estou sentado no sofá, no escuro e de olhos fechados, e apenas preciso recordar para ser feliz outra vez.

Evolução

"Não há amor como o primeiro". FALSO! Acho que não há amor como o primeiro, como o segundo, o terceiro, ou qualquer outro. Crescemos e a nossa noção de amor modifica-se a cada nova paixão e a cada final de uma.

Vivemos o pico da felicidade quando estamos com a pessoa que amamos, e o fundo do sofrimento quando a perdemos, e é assim todas as vezes. Não somos mais felizes nem mais miseráveis de uma relação para outra, somos sempre e em cada uma o mais felizes e o mais miseráveis, porque ainda não evoluimos, ainda não saltámos para o patamar seguinte, então como podemos afirmar depois, que não doeu tanto ou que nunca fui tão feliz? Pior, afirmamos que nunca vamos ser tão felizes, mas a verdade é que em cada uma dessas relações afirmamos isso, da primeira à última.

Temos tendência a esquecer, não os momentos, os bons e os maus, mas o que sentimos na altura em que eles aconteceram, se conseguirmos fazer o exercício, verificamos que nos sentimos exactamente da mesma forma em todos os altos e baixos de todas as relações, porque não tínhamos ponto de comparação. Tudo faz parte da nossa vida e, se nos esquecemos disso, então é porque saltámos para o patamar seguinte com a tendência natural de esquecer o que nos fez saltar.

Amamos e sofremos com a mesma intensidade em cada relação, os padrões é que mudam.
Crescemos, nada mais...

"Vengeance is a lazy form of grief."

"Vengeance is a lazy form of grief.", por incrível que pareça esta frase é do filme "The Interpreter". Fez-me pensar e tirá-la do contexto para a aplicar noutros aspectos da vida, pensei apenas num, mas cheguei à conclusão que se aplica a todos.

Foi dita num contexto de morte, mas aplica-se a todas as formas de dor. Quando perdemos alguém querido, não apenas pela morte, a maneira mais fácil de lidar com isso é culpar alguém e, quando esse alguém não somos nós próprios, a vingança parece-nos de imediato a melhor forma de repor a justiça. Gritamos, esperneamos, acusamos, procuramos de algum modo minimizar a nossa dor à custa da dor de alguém, mas, se formos pensar bem naquilo que já vivemos, pessoas como eu, quando a nossa dor deveria estar a abrandar porque o/a "culpado" está a sofrer, damos por nós a estender-lhe a mão, sentimo-nos mal, responsáveis pela dor dessa pessoa porque a desejámos numa altura de grande sofrimento, não faz mais sentido e a dor não passa assim.

Não digo que consigamos desejar o melhor do mundo ao "responsável" pela nossa dor, deixemos isso a pessoas de uma grandeza extrema que provávelmente nunca amaram ninguém mais do que a todos os outros. Mas, de nada nos serve o mal do "culpado", após a inevitável satisfação momentânea d' "a justiça feita", a dor continua se nada fizermos, dentro de nós, por nós, para a superar com coisas boas. Parece utópico, mas não é... Quantas vezes não demos por nós a dizer "...ainda bem que aconteceu daquela forma, cresci, amadureci, e encontrei na vida coisas que de outra forma não teriam aparecido na minha vida."

Coisas essas que nos podem vir a magoar tanto ou mais do que aquela dor insuportável que desencadeou este processo.
Somos tudo menos santos, mas é tão verdade que a vingança é um sentimento humano, como a capacidade de perdoar, e procurar o melhor da vida para lidar com a dor.

Então, porque optamos tantas vezes pelo caminho mais fácil? Porque somos preguiçosos? Acho que não, apenas dói mais tentar lidar com a dor através das coisas boas e, de certeza, que não nos dá a satisfação imediata que uma boa vingança nos pode proporcionar, por mais efémera que seja essa satisfação.

Permitir-mo-nos ser...

quinta-feira, setembro 01, 2005
Comia-a toda! Disse ele ao amigo, numa conversa interdita a mulheres porque há um ambiente cheio de testosterona que influencia as palavras de um homem. Não sou nem posso ser menos macho ( leia-se MATXO ) que aquele que me veio dizer que "aquela é que era".

Não sou nem posso ser inferior a alguém que nada tem de superior a mim, mas que, por alguma razão que desconheço, o é sempre. Pelo menos aos olhos de uma mulher que não conheço, mas que é minha por direito. É terrível haver alguém que invade uma propriedade que é nossa, mas é pior ainda haver alguém que invade que é nossa, apenas porque achamos que só nós é que temos direito a ela, nem que seja o direito de olhar... É nossa, pior do que nossa namorada, pode ser a nossa fantasia. ISSO É QUE NÃO!!!!!

Chamamos cabrões aos que têm o que nós não temos,génios aos que conseguem quem nós nem sequer tentámos,( sim eu continuo a ser melhor que ele) , invejamos quem detém todas as atenções. Ficamos, vezes demais à espera de uma oportunidade que nós próprios devíamos criar e somos demasiado cobardes para o fazer.

"É gira mas não é pra mim" E continua-mo-nos a perguntar porque é que aquela "gaja tão boa" está com aquele cromo. Aquele cromo pode ter a coragem que nos falta...

Por isso digo: serei eu, vou ser eu que te vou conquistar, vou ser eu que vou ter coragem, vou ser eu que não vou ter medo de perder o que nunca tive, vou ser eu que vou ser genial, vou ser eu que vou ser tudo aquilo que quiseres que eu seja. Serei eu a ser o teu objecto de desejo, a inveja dos outros, mesmo que não sejas minha.

Amigo

Disseram-me um dia: " Eu é que decido se és digno de ser meu amigo!"

Nada mais acertado, nem nós, nos acessos de loucura, ou fora deles, podemos dizer a uma pessoa, "não mereço ser teu amigo" ou "eu é que sou teu amigo". Não somos nós que escolhemos os amigos... são eles que nos escolhem a nós. Podemos ter a sorte de encontrar sábios ou o azar de sermos escolhidos por imbecis, uma coisa é certa, todos eles são conselheiros.

Maus ou bons, dão-nos conselhos, entram na nossa vida, às vezes sem serem convidados, mas entram, entram e fazem estragos. Causam revoluções, fazem-nos pensar, no mínimo isso... De certo modo manipulam-nos, para o bem ou para o mal, isso já cabe a nós, BOLAS, temos que mandar nalguma coisa, mas estão lá, tarde demais, demasiado cedo ( aqueles que dizem as coisas antes de estarmos preparados para as ouvir ) aqueles que, apenas procuramos nesta ou naquela altura, ou aqueles que, vindo do nada, estão!

Escolhemos os amigos? Acho que não, eles escolhem-nos a nós. Posso querer ser amigo da melhor pessoa do mundo, mas se essa pessoa nao me achar digna de ser amigo dela...
Disseram-me um dia: Eu é que decido se és digno de ser meu amigo!"
É bem verdade, sou amigo de quem eu quero, mas ainda mais sou amigo de quem me quer!

Café

quinta-feira, agosto 04, 2005
Chego ao café cedo, não está ninguém que conheça, tomo café, calmamente, na secreta esperança que apareça alguém que me faça companhia. Parece triste ir ao café sozinho, mas é a melhor maneira de socializar. É bom encontrar pessoas que só nos conhecem de vista e que nos convidam para sentar, conhecemos pessoas interessantes, mesmo que sejam as pessoas mais desinteressantes do mundo.

São raras as pessoas que não têm rigorosamente nada de novo a oferecer. Existem, mas é um tremendo azar encontrá-las numa noite que esperas passar sozinho. Conhecemos de tudo, desde os chicos-espertos que acham que são experts em tudo, desde o curling ao estado económico e social do Bangladesh, até aqueles que não sabem nada além do que exercem ( e mesmo assim...).

Mas encontramos sempre alguém que nos ensina qualquer coisa, e nesse momento não damos a noite como perdida, mesmo que tenho sido a mulher da limpeza do prédio ao lado a dizer-nos que o amoniacal não funciona como a lixívia quando lavamos a casa de banho. Aprendemos sempre, mesmo que seja a não aturar o mesmo gajo amanhã.

Normalmente corremos o risco de encontrar pessoas, que, como nós, são interessantes à sua maneira. Não espero que toda a gente me ache interessante, como não espero que toda a gente seja interessante do modo que eu gostaria, mas é preciso aproveitar o que nos é dado, não pagamos, não temos o compromisso de aprender, mas é bom saber que há pessoas interessantes de ângulos que normalmente não olhamos.

Ir ao café não é tão inútil como se pensa, aprende-se mais do que no seminário de " Como fazer política no pós 25 de Abril."
Tem um senão, não dá para ganha-pão ( e ainda bem, senão o Santana Lopes ainda chegava a Primeiro Ministro), mas dá para crescermos como pessoas.
Todos temos a aprender com uma ida ao café sozinhos, mesmo que não conheçamos ninguém, saber observar já ajuda.

Chego ao café cedo, não está ninguém que conheça, tomo café, calmamente, na secreta esperança que apareça alguém que me faça companhia, e aparece sempre alguém que valha a pena ganhar alguns minutos a conversar.

Quando não tens defesa, ataca!

Ouvi esta frase hoje pela primeira vez, pareceu-me generalista, mas, dois segundos depois, concordava a cem por cento. Pareceu-me bem mais acertada que a conhecida " o ataque é a melhor defesa", porque não se trata de atacar por atacar, mas sim atacar porque a alternativa é admitirmos que errámos ( e isso é mais difícil do que se pensa), é admitir que algures ao longo do percurso, fizemos ou dissemos alguma coisa que não devíamos, algo que pode até ir contra os nossos princípios, e que nos custa a engolir.

Quem de nós não utilizou esta técnica, abominável para alguns, que são falsos moralistas ( "isso não se faz porque eu sou uma pessoa que admite todos os erros que comete, quando cometo"), ou que, pura e simplesmente, nunca se deram conta que o fazem na mais corriqueira conversa de café?

Quem de nós nunca viu outra saída para uma situação que não o ataque? Quem de nós nunca se viu numa situação em que é mais fácil dizer: " Pois é, e se tu não tivesses convidado o teu ex-namorado? Foi de propósito foi?" ou " E daquela vez em que tu..." É mais fácil atacar do que admitirmos o erro para além dos limites aceitáveis. Especialmente com mulheres.

As mulheres nunca se contentam com um simples pedido de desculpas ( nem os de joelhos se safam...), admitir que errámos não é suficiente. Ainda não consegui perceber o que é preciso para que elas digam: " Pronto, está bem, mas não voltes a fazer!". É incrível como quando falamos com uma mulher elas nunca se contentam com o admitir de um erro, não... têm que puxar e puxar até que admitamos mais algum, ou então que percamos a cabeça e passemos ao ataque. É aqui que, com toda a sua mestria, as mulheres viram o bico ao prego e nos fazem sentir como se fossemos a causa da fome no mundo.

Ao adoptarmos esta estratégia com uma mulher, estamos a cometer um erro tremendo! Pela simples razão que temos uma memória muito inferior no âmbito dos erros. Elas lembram-se daquela vez em que não nos lembrámos do aniversário da prima do João que mora em Aguada de Baixo e que conhecemos no Algarve, enquanto nós não nos lembramos de quando ela esteve o tempo todo a fazer olhinhos ao João no aniversário da prima dele.

No entanto, é fácil recorrermos a este artifício argumentativo, quando estamos em apuros. Chegamos ao cúmulo de guardar coisas para uma situação de confronto, "Esta vou guardar para quando fizer merda!". Há até quem catalogue os erros do outro para utilizar consoante o grau da discussão. Somos assim, como os animais ( que somos ), agressivos quando nos atacam. É o instinto de sobrevivência que nos impele ao ataque. É esse mesmo instinto que nos protege, de certa forma, das agressões de uma simples conversa de café.

Se reflectir, moralmente, não devia concordar com esta frase, pois seria muito mais fácil se toda a gente fizesse o mesmo, mas não; tenho que me defender, porque não há piedade nestas coisas.
Racionalmente, temos que admitir que todos o fazemos, fizemos, ou iremos fazer, foi assim que algumas espécies animais sobreviveram milénios.
Somos animais! Ou não somos?

Era um dia como outro...2

quinta-feira, julho 21, 2005
Combinei contigo... Achei que ia perder a magia, o encanto da surpresa, e perdeu, por breves instantes achei que a magia que sentias por mim tinha desaparecido...
Começámos a falar e a magia voltou. Percebi então que a noite passada não tinha sido fútil, física e apenas hormonal. Percebi que a magia estava nas palavras, que percorriam o meu corpo como percorriam o teu.

Bebíamos as palavras um do outro como se do néctar dos deuses se tratasse. Estava provado! Eras tu e não o jogo da sedução que me prendia. Era eu e não um escape ou um recurso que te trazia até mim. Simplesmente precisávamos de falar.

Deste-me nesse encontro marcado, a visão do incrível... a visão de ti...

Fumei cigarro atrás de cigarro, apenas a olhar-te... Não quero falar mas sei que se não falar posso perder o que ainda não me deste. A minha vontade é olhar-te, sempre e a todo o momento mesmo sabendo que não poderei tocar-te ou beijar-te, sem falar, sem pensar em nada e estar apenas envolvido no teu corpo, nos teus olhos, nos teus olhos a olhar para mim, instigando o desejo e fazendo-me vibrar por dentro, fazendo com que o meu corpo reaja sem qualquer estímulo maior que um sorriso... O mesmo sorriso do dia em que te vi pela primeira vez...

Era um dia como outro 1

Nada o fazia prever... Era um dia como outro qualquer, um dia chato, sem interesse. Fui ao café como num dia normal de rotineira pasmaceira...
A certa altura, vindo do nada vi-te ao longe, uma agradável surpresa num dia extraordinariamente entediante. Iluminaste-te como numa peça de teatro e olhaste para mim, sorriste! Dirigi-me a ti e sorri contigo, senti uma cumplicidade proibida que nos comprometia aos dois. Assustei-me e tentei recuar, mas algo como um íman me puxou de novo para junto de ti, acho que queria voltar a sorrir...

Falámos e falámos e falámos até ao ponto de não conseguir parar de te ouvir. Estava completamente viciado em ti... Estava naquele ponto em que tudo em ti me chamava à atenção, do olhar malandro aos movimentos insinuantes de quem está a seduzir... Tremi... tremi e pensei: " Logo num dia como este?"- Pois é, as coisas mudam...
Falavas comigo como se fosse um amigo a quem te confessas mas com a malícia natural de uma mulher que sabe o que quer. Percebi que não tinha fuga, foi nessa noite, nesse momento que percebi que não podia fugir...

Seduziste-me... Melhor, deixaste-me seduzir-te!

Olhava-te nos olhos e sentia o teu calor, mesmo à distância. Falávamos...
Saímos dali para um outro espaço, um espaço onde tudo era possível, um espaço onde a sedução e a provocação era tudo. Senti-me especial... Não sei se o fui, se o sou ou se o serei, mas sei que naquele momento era teu e tu não querias perceber. Desejando-me, lutavas contra nós. Parecia um jogo de intensa sedução que iria terminar como começou... num sorriso ao longe.

Mas não! O jogo continuou, sozinhos, as luzes a tremer e cada um a escolher a banda sonora que queria... Não importa, não quero uma música nossa, quero a minha música para ti e que tenhas uma música pra mim...
Quando menos esperava, eis que surgiu, de uma frase mais certa que todas as outras, um relance do teu corpo. Um leve passar de olhos que tu me permitiste com aquele olhar de quem mostra um desejo inatingível. É incrível o efeito que isso tem... Quase não suportava a ideia de me estares a provocar-me quando sabias que não iria tocar-te.

Irrita-me saber que era um plano... Um plano para entenderes o que até hoje não te dou a entender... Não um plano pensado e estruturado mas um recurso que sabias que iria resultar... Resultou na perfeição, vi, gostei, senti-me nas nuvens... soube no preciso momento que me deixaste observar-te que teria que me dar a ti se quisesse voar.

Um dia banal que, de repente, se transformou numa noite fantástica. Alguém que me devolveu a magia de um sorriso... a magia de uma sedução...a magia de viver.

Copo de vinho

terça-feira, julho 12, 2005
Bebo um copo de vinho, janela aberta, lua a entrar e uma boa música. Olho a lua, vejo uma estrela... Brilha mais do que as outras, lembro-me dos dias que passaram, bebo mais um pouco.Sinto na cara uma brisa fria e ouço no silêncio a voz suave de alguém... "Dá-me um pouco de vinho." Olho para trás, não está ninguém.

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Reflexos da noite espalham-se em mim, começo a brilhar, ofusco-me! Não vejo nada e tudo tão claro.

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Uma melga no ouvido recorda-me que estou ali, sentado a beber vinho, tinha-me perdido por instantes na noite, na luz da lua e no silêncio de uma voz que dizia: "Dá-me um pouco de vinho."Perdi-me num espaço pequeno que só cabia eu, o meu copo de vinho e a voz!

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Começo a pensar, estrago logo tudo. Penso em ti, penso neste ou naquela, penso em amanhã, penso na lua e no sol, penso nas pessoas, não penso em nada, penso no copo e onde está a garrafa.

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Acendo um cigarro, inspiro, transpiro e respiro... fundo... Estou bem, nada me dói, não sufoco, apenas a voz: "Dá-me um pouco de vinho." Ninguém ao meu lado, só eu e a voz...

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Levanto-me, olhos fechados, boca seca, volto a pensar e tudo desvanece, tudo fica mais turvo, estarei bêbedo? Ainda não. Surge uma sombra, à minha frente que está lá, um toque no ombro que não me toca, uma voz que não existe: "Posso beber um copo de vinho contigo?" É então que percebo...

Estou a ficar louco, e bebo mais um pouco.

Porto Vintage

terça-feira, julho 05, 2005
Perguntamos muitas vezes: "Porque é que a vida não me dá o que eu quero???" - Sabemos lá o que queremos... Somos felizes em momentos, temos tudo o que chega para sermos felizes várias vezes na vida e por uma razão ou por outra perdemos essa felicidade... Exactamente porque a felicidade é feita de momentos, mesmo que esses momentos surjam de uma mentira, somos felizes! Não existe felicidade eterna, nem vendendo a alma ao diabo, especialmente se vendermos a alma ao diabo! Mas também de nada nos serve sermos a melhor pessoa do mundo, porque nem assim somos sempre felizes.7
Não sabemos o que queremos e mesmo quando sabemos estamos errados, não fazemos a mínima ideia do que nos possa fazer felizes, excepto quando nos acontece... É mais fácil dizer:" quem me dera que fosse sempre assim" do que: "se fosse assim é que era!!!"

Vivemos, somos felizes, desmorona-se tudo, sofremos, ultrapassamos, seguimos em frente, vivemos de novo e sofremos de novo, só sofremos porque houve felicidade, mesmo que tenha sido mentira, mesmo que tudo não passasse de uma farsa, mesmo que tenha durado um segundo de um olhar, ou apenas uma frase, sofremos porque naquele momento fomos felizes, por conhecermos a felicidade sofremos.
Quem nunca foi feliz não sofre, vive! Até ao dia em que é feliz pela primeira vez, aí sofre porque conheceu a felicidade.

O nosso conceito de felicidade é tão variável que às vezes somos felizes a comer um bolo, outras vezes nem um "amo-te" nos faz feliz. Seremos todos burros? - Não somos todos humanos, somos a mais difícil das variáveis, aquela que nem o Will Hunting conseguia decifrar, somos tão difíceis de perceber que não nos percebemos a nós próprios, nem para sermos bons para nós...

Somos saudáveis e temos isso como um dado adquirido, somos inteligentes e nem aproveitamos, temos amigos e família e não cuidamos... bolas isto é mais do que suficiente para sermos felizes... Mas não, temos sempre que arranjar alguma coisa para nos fazer infelizes, sempre há alguém ou alguma coisa que nos impede de sermos felizes, ora porra...
Ser feliz tem muito que se lhe diga... só somos felizes com o que não temos.
Quando damos a uma criança um doce, é suficiente para ela ficar feliz (agora já é preciso uma playstation2 mas no meu tempo bastava um gelado...) mas à medida que vamos ficando mais velhos o doce já tem que ter umas pitadas de Porto Vintage 1997.
Somos complicados, a verdade é essa, de uma coisa que só por si é boa conseguimos sempre dizer que seria melhor se tivesse "aquele" toque que a tornaria perfeita... não sabemos o que queremos, isso sim!
A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor, brilha tranquila, depois de leve oscila, e cai como uma lágrima de amor.- Vinicius de Moraes

Ele é que sabia... A melhor frase para definir a felicidade e toda a sua inconstância.
Algum dia vou saber ser feliz? Acho que não, não sei ser feliz, não sei o que quero, não sei o que me faria feliz, agora até sou, mas como qualquer um... falta qualquer coisa... Acho que me falta um tal de Carpe Diem que toda a gente fala, falta saborear o tal doce sem precisar do vinho do porto.

Respeito!

segunda-feira, junho 20, 2005
Só peço respeito! Podemos brincar...... mas com respeito, podemos falar...... mas com respeito, podemos discutir...... mas com respeito, podemos até lutar...... mas com respeito, podemos fazer sofrer... mas com respeito. Por uma razão muito simples... quando não respeitamos, perdemos o respeito dos outros... e sem isso nao somos ninguém...

Pior que odiar, ser indiferente, ignorar, é perder o respeito... Porque uma coisa é certa... Nunca esquecemos quem perdeu o nosso respeito, o sentimento adjacente é secundário, não importa se odiamos ou ignoramos, aquela pessoa vai ser sempre aquela que não nos respeitou e que por isso perdeu o nosso respeito.
Respeitando os outros, não posso perder o respeito deles, nem o respeito de mim, por mim!Porque perder o respeito por mim é perder a minha identidade, é não saber quem sou nem o que faço, e muito menos porque é que faço.
Respeito... Já dizia o meu avô: "... é muito lindo e eu gosto!"

Acordei

quinta-feira, junho 09, 2005
Vi-te atrás de um vidro e não te podia tocar. Sorriste e eu corei. Aproximei-me, bebi de um abraço que não esquecerei, uma força que já não tenho e sorri. Não te larguei um segundo...

Olhei-te nos olhos e vi-me, vi-nos ao fundo, ao fundo de um túnel escuro, sombrio, cobertos por uma luz tão forte, que apenas distinguia o teu rosto. Fizemos amor pela primeira vez e morri, ressuscitei e morri, ressuscitei e morri, morri de medo de não fazer amor contigo outra vez... Mas fiz!
Comi contigo, bebi contigo, ri contigo, chorei contigo, dormi contigo, acordei contigo, brinquei contigo, falei contigo, discuti contigo, cantei contigo, dancei contigo, passeei contigo, tive a certeza que era ao teu lado que queria morrer.

Beijámo-nos, acariciámo-nos, tocámo-nos, olhámo-nos... Olhámo-nos de uma maneira que parecia que nunca iríamos deixar de nos olhar, um olhar certo de que seríamos felizes para sempre...

ACORDEI!!! Olhei para o lado e nao estavas... ACORDEI!!! Acordei e percebi que tudo não passava de um sonho, que nunca comi contigo, que nunca bebi contigo, que nunca ri contigo, que nunca chorei contigo, que nunca dormi contigo, que nunca acordei contigo, que nunca brinquei contigo, que nunca falei contigo, que nunca discuti contigo, que nunca cantei contigo, que nunca dancei contigo, que nunca passeei contigo... Pior nunca existimos juntos!!! Acordei e percebi que aquele olhar era um olhar certo de quem sabia que esse olhar não se iria repetir.
ACORDEI!!! E soube que comi com um sonho, bebi com um sonho,ri com um sonho, chorei com um sonho, dormi com um sonho, acordei com um sonho, brinquei com um sonho, falei com um sonho, discuti com um sonho, cantei com um sonho, dancei com um sonho, passeei com um sonho!

ACORDEI!!! E vi que tinha amado um sonho!

Imbecis????

quinta-feira, junho 02, 2005
Perdemos tempo com ilusões, com sonhos, com coisas que não vamos concretizar. Porque perdemos tempo com coisas inúteis? Sabemos que não vamos ter aquela pessoa, pois ainda perdemos tempo a pensar nela e porque não a conseguimos. Sabemos que não vamos ter aquele emprego, pois ainda perdemos tempo a pensar no que faltou para o conseguirmos. Sabemos que aquele que morreu não volta, pois ainda perdemos tempo a imaginar como seria se ainda aqui estivesse. Sabemos que o que passou não volta, pois ainda perdemos tempo a ponderar hipóteses...

Porquê???
Porque somos imbecis incuráveis, porque somos seres emocionais e não racionais como todos nos gabamos de ser. Somos tão imbecis que nem nos apercebemos da imbelidade que nos rodeia e nos molda. Somos todos imbecis. Aqueles que não são ou foram imbecis, tornaram-se monstros que todos repugnamos "-Olha aquele que matou milhões de judeus! - Olha aquele que despediu 400 pessoas", eram tudo menos imbecis, inteligentes sem emoções, que todos criticamos ( mesmo aqueles que não se julgam imbecis)

Ser emocional faz de nós imbecis, ser racional, faz de nós monstros insensíveis... Prefiro ser imbecil.
Sofrer por ser imbecil é melhor do que ser um monstro insensível, certo? Ou será que sermos imbecis é tão grave?Gosto de pensar que não. Se ser emocional é ser imbecil, gosto de ser imbecil, gosto de sofrer, gosto de pensar nos outros, gosto de pensar em mim como alguém imbecil o suficiente para perder tempo com coisas tão inúteis como todos os "como seria se" ou " o que pensam de mim?"

Gosto de ser o imbecil que pensa nas questões sem resposta, e não apenas um ser que vive a vida numa perspectiva de sobrevivência e de sucesso.
Somos o que sentimos e como nos fazemos sentir, se chegar ao fim da vida sem nunca ter dado um pouco de felicidade a ninguém, mesmo que passageira, então sou um monstro.

Chamem-me imbecil!!

Planos

Pois é... Estive tanto tempo sem escrever, que já não tenho ninguém que me leia. Acho que até é bom, assim posso escrever o que me apetecer... que ninguém vai ler.

Estive afastado porque estive apaixonado( eu sei... mais uma razão para escrever, mas não me precisei, escrevo quando preciso!... E agora preciso!)

 Planos... Os planos fazem-se sozinho, planos a dois ou a mais têm o risco enorme de não depender de nós.

Vale a pena corrermos riscos? Não pelo medo, porque medo todos temos e todos deveríamos superar. Dos fracos não reza a história ( não sei quem disse, parece-me certo, mas tenho dúvidas) O que é facto é que nós fazemos parte da nossa história, e se tivermos sorte, da história de mais alguém, e nem por isso somos sempre fortes. Só não podemos ser sempre fracos, senão, de que reza a nossa história? Podemos e devemos permitir-nos ser fracos, desde que isso nos torne mais fortes. Somos fortes por natureza, mas não nos apercebemos disso, sofremos como fracos e nem nos damos conta do quanto fomos fortes quando olhamos para trás.

Planos... Os planos fazem-se sozinho!

Dependermos de outros não são planos, são expectativas. São apenas intenções que podem ficar por aí mesmo... Intenções.
Seremos apenas aquilo que nos deixam ser? Seremos aquilo que nos permitimos ser? Podemos esperar do futuro apenas aquilo que somos capazes de fazer ou aquilo que nos deixam conquistar? Dúvidas, dúvidas!

Planos... Os planos fazem-se sozinho!

Será que podemos planear um vida a dois, ou a três, ou a mais? Depender da vontade dos outros é uma coisa que nunca compreenderei, planear morrer ao lado de uma pessoa parece irreal, utópico e até surreal! Um plano a dois é tão impossível quanto a vontade dos dois.

Planos... Os planos fazem-se sozinho!

Sonhei viver feliz, mas não sozinho, escolhi a minha companheira e planeei um futuro a três ou a quatro ou a cinco, mas esse plano não dependia só de mim, e não tendo absoluto controlo sobre ele, desmoronou-se, não por mim, mas por ela.

Planos... Os planos fazem-se sozinho!

Planeei profissionalmente, mas até para isso preciso dos outros. Não gosto de trabalhos de grupo, não gosto da ideia de que o meu sucesso depende de alguem que não eu.
Somos dependentes demais, somos seres que dependem dos outros e isso é incontornável, dependemos para nos sentirmos bem e para nos sentirmos mal( acho que às vezes conseguimos sentir-nos mal sozinhos, mas...)

Planos... Os sonhos fazem-se sozinho, os planos... nem por isso...