Copo de vinho

terça-feira, julho 12, 2005
Bebo um copo de vinho, janela aberta, lua a entrar e uma boa música. Olho a lua, vejo uma estrela... Brilha mais do que as outras, lembro-me dos dias que passaram, bebo mais um pouco.Sinto na cara uma brisa fria e ouço no silêncio a voz suave de alguém... "Dá-me um pouco de vinho." Olho para trás, não está ninguém.

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Reflexos da noite espalham-se em mim, começo a brilhar, ofusco-me! Não vejo nada e tudo tão claro.

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Uma melga no ouvido recorda-me que estou ali, sentado a beber vinho, tinha-me perdido por instantes na noite, na luz da lua e no silêncio de uma voz que dizia: "Dá-me um pouco de vinho."Perdi-me num espaço pequeno que só cabia eu, o meu copo de vinho e a voz!

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Começo a pensar, estrago logo tudo. Penso em ti, penso neste ou naquela, penso em amanhã, penso na lua e no sol, penso nas pessoas, não penso em nada, penso no copo e onde está a garrafa.

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Acendo um cigarro, inspiro, transpiro e respiro... fundo... Estou bem, nada me dói, não sufoco, apenas a voz: "Dá-me um pouco de vinho." Ninguém ao meu lado, só eu e a voz...

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Levanto-me, olhos fechados, boca seca, volto a pensar e tudo desvanece, tudo fica mais turvo, estarei bêbedo? Ainda não. Surge uma sombra, à minha frente que está lá, um toque no ombro que não me toca, uma voz que não existe: "Posso beber um copo de vinho contigo?" É então que percebo...

Estou a ficar louco, e bebo mais um pouco.

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