Recordo os momentos

quarta-feira, setembro 28, 2005
Estou sentado no sofá, tudo escuro, olhos fechados, penso em ti, e em ti, não tanto em ti, e definitivamente não em ti. Vem-me à memória os carinhos que tive contigo e contigo, abafa-me saber que não estás aqui, nem tu. Desespero por um afago, um beijo, um olhar...

Que posso fazer? Recordar. Recordar-te naquele momento que me senti seguro, amado, por ti e por ti. São momentos que não esqueço, que me fazem sentir mal e bem ao mesmo tempo, porque naqueles momentos eu e tu, e tu, fomos felizes e já não o somos, pelo menos juntos e isso dói-me.

Lembro todos os pormenores dos momentos íntimos, e a cada recordação, volto a ser feliz, ao teu lado e ao teu. Tive vários momentos de felicidade contigo e contigo também, e vou voltar a tê-los, com quem, não sei, só espero não ter que voltar a recorrer às recordações para ter momentos de felicidade. Sofro porque fui feliz, contigo e contigo, e agora és feliz sem mim, como eu serei sem ti e sem ti.

Estou sentado no sofá, no escuro e de olhos fechados, e apenas preciso recordar para ser feliz outra vez.

Evolução

"Não há amor como o primeiro". FALSO! Acho que não há amor como o primeiro, como o segundo, o terceiro, ou qualquer outro. Crescemos e a nossa noção de amor modifica-se a cada nova paixão e a cada final de uma.

Vivemos o pico da felicidade quando estamos com a pessoa que amamos, e o fundo do sofrimento quando a perdemos, e é assim todas as vezes. Não somos mais felizes nem mais miseráveis de uma relação para outra, somos sempre e em cada uma o mais felizes e o mais miseráveis, porque ainda não evoluimos, ainda não saltámos para o patamar seguinte, então como podemos afirmar depois, que não doeu tanto ou que nunca fui tão feliz? Pior, afirmamos que nunca vamos ser tão felizes, mas a verdade é que em cada uma dessas relações afirmamos isso, da primeira à última.

Temos tendência a esquecer, não os momentos, os bons e os maus, mas o que sentimos na altura em que eles aconteceram, se conseguirmos fazer o exercício, verificamos que nos sentimos exactamente da mesma forma em todos os altos e baixos de todas as relações, porque não tínhamos ponto de comparação. Tudo faz parte da nossa vida e, se nos esquecemos disso, então é porque saltámos para o patamar seguinte com a tendência natural de esquecer o que nos fez saltar.

Amamos e sofremos com a mesma intensidade em cada relação, os padrões é que mudam.
Crescemos, nada mais...

"Vengeance is a lazy form of grief."

"Vengeance is a lazy form of grief.", por incrível que pareça esta frase é do filme "The Interpreter". Fez-me pensar e tirá-la do contexto para a aplicar noutros aspectos da vida, pensei apenas num, mas cheguei à conclusão que se aplica a todos.

Foi dita num contexto de morte, mas aplica-se a todas as formas de dor. Quando perdemos alguém querido, não apenas pela morte, a maneira mais fácil de lidar com isso é culpar alguém e, quando esse alguém não somos nós próprios, a vingança parece-nos de imediato a melhor forma de repor a justiça. Gritamos, esperneamos, acusamos, procuramos de algum modo minimizar a nossa dor à custa da dor de alguém, mas, se formos pensar bem naquilo que já vivemos, pessoas como eu, quando a nossa dor deveria estar a abrandar porque o/a "culpado" está a sofrer, damos por nós a estender-lhe a mão, sentimo-nos mal, responsáveis pela dor dessa pessoa porque a desejámos numa altura de grande sofrimento, não faz mais sentido e a dor não passa assim.

Não digo que consigamos desejar o melhor do mundo ao "responsável" pela nossa dor, deixemos isso a pessoas de uma grandeza extrema que provávelmente nunca amaram ninguém mais do que a todos os outros. Mas, de nada nos serve o mal do "culpado", após a inevitável satisfação momentânea d' "a justiça feita", a dor continua se nada fizermos, dentro de nós, por nós, para a superar com coisas boas. Parece utópico, mas não é... Quantas vezes não demos por nós a dizer "...ainda bem que aconteceu daquela forma, cresci, amadureci, e encontrei na vida coisas que de outra forma não teriam aparecido na minha vida."

Coisas essas que nos podem vir a magoar tanto ou mais do que aquela dor insuportável que desencadeou este processo.
Somos tudo menos santos, mas é tão verdade que a vingança é um sentimento humano, como a capacidade de perdoar, e procurar o melhor da vida para lidar com a dor.

Então, porque optamos tantas vezes pelo caminho mais fácil? Porque somos preguiçosos? Acho que não, apenas dói mais tentar lidar com a dor através das coisas boas e, de certeza, que não nos dá a satisfação imediata que uma boa vingança nos pode proporcionar, por mais efémera que seja essa satisfação.

Permitir-mo-nos ser...

quinta-feira, setembro 01, 2005
Comia-a toda! Disse ele ao amigo, numa conversa interdita a mulheres porque há um ambiente cheio de testosterona que influencia as palavras de um homem. Não sou nem posso ser menos macho ( leia-se MATXO ) que aquele que me veio dizer que "aquela é que era".

Não sou nem posso ser inferior a alguém que nada tem de superior a mim, mas que, por alguma razão que desconheço, o é sempre. Pelo menos aos olhos de uma mulher que não conheço, mas que é minha por direito. É terrível haver alguém que invade uma propriedade que é nossa, mas é pior ainda haver alguém que invade que é nossa, apenas porque achamos que só nós é que temos direito a ela, nem que seja o direito de olhar... É nossa, pior do que nossa namorada, pode ser a nossa fantasia. ISSO É QUE NÃO!!!!!

Chamamos cabrões aos que têm o que nós não temos,génios aos que conseguem quem nós nem sequer tentámos,( sim eu continuo a ser melhor que ele) , invejamos quem detém todas as atenções. Ficamos, vezes demais à espera de uma oportunidade que nós próprios devíamos criar e somos demasiado cobardes para o fazer.

"É gira mas não é pra mim" E continua-mo-nos a perguntar porque é que aquela "gaja tão boa" está com aquele cromo. Aquele cromo pode ter a coragem que nos falta...

Por isso digo: serei eu, vou ser eu que te vou conquistar, vou ser eu que vou ter coragem, vou ser eu que não vou ter medo de perder o que nunca tive, vou ser eu que vou ser genial, vou ser eu que vou ser tudo aquilo que quiseres que eu seja. Serei eu a ser o teu objecto de desejo, a inveja dos outros, mesmo que não sejas minha.

Amigo

Disseram-me um dia: " Eu é que decido se és digno de ser meu amigo!"

Nada mais acertado, nem nós, nos acessos de loucura, ou fora deles, podemos dizer a uma pessoa, "não mereço ser teu amigo" ou "eu é que sou teu amigo". Não somos nós que escolhemos os amigos... são eles que nos escolhem a nós. Podemos ter a sorte de encontrar sábios ou o azar de sermos escolhidos por imbecis, uma coisa é certa, todos eles são conselheiros.

Maus ou bons, dão-nos conselhos, entram na nossa vida, às vezes sem serem convidados, mas entram, entram e fazem estragos. Causam revoluções, fazem-nos pensar, no mínimo isso... De certo modo manipulam-nos, para o bem ou para o mal, isso já cabe a nós, BOLAS, temos que mandar nalguma coisa, mas estão lá, tarde demais, demasiado cedo ( aqueles que dizem as coisas antes de estarmos preparados para as ouvir ) aqueles que, apenas procuramos nesta ou naquela altura, ou aqueles que, vindo do nada, estão!

Escolhemos os amigos? Acho que não, eles escolhem-nos a nós. Posso querer ser amigo da melhor pessoa do mundo, mas se essa pessoa nao me achar digna de ser amigo dela...
Disseram-me um dia: Eu é que decido se és digno de ser meu amigo!"
É bem verdade, sou amigo de quem eu quero, mas ainda mais sou amigo de quem me quer!