O anti-Natal

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Descobrindo a cada ano que o Natal é um turbilhão de emoções contraditórias, sentimentos de ternura que se diluem na raiva de quem os vê com desdém. Não me preocupa em mais nenhuma altura do ano, excepto no Natal. E, curiosamente, quando uma tentativa de ternura, particularmente difícil, é frustrada por um frustrado invejoso.

Sentimentos de inveja, são benéficos, dão valor a quem o tem, e, quero acreditar, melhora quem inveja. Não será o caso, contudo, a esperança de que um dia um acto de ternura seja reconhecido como tal, o valor seja dado a quem o tem e a inveja não frustre mais ninguém, existe. É, aliás o que, ano após ano, faz do Natal uma época de esperança, frustração, alegria e tristeza.

Mas este sentimento carece de uma capacidade enorme para lidar com ele, senão engole-nos e transforma-nos. Quando a inveja é gratuita e se enaltece o que é nosso, por frustração, apenas para nos fazermos crer que tudo o que invejamos, está, afinal em nós, é aí! É aí que a inveja perdura mais do que o momento em si, se espalha tal como um vírus mutante, pois muitas vezes se transforma em raiva. É aí que o invejado, em vez de sentir o seu valor a crescer, se sente frustrado, frustrado por um frustrado invejoso.

É aí que o Natal se transforma em anti-Natal.

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