Era um dia como outro...2

quinta-feira, julho 21, 2005
Combinei contigo... Achei que ia perder a magia, o encanto da surpresa, e perdeu, por breves instantes achei que a magia que sentias por mim tinha desaparecido...
Começámos a falar e a magia voltou. Percebi então que a noite passada não tinha sido fútil, física e apenas hormonal. Percebi que a magia estava nas palavras, que percorriam o meu corpo como percorriam o teu.

Bebíamos as palavras um do outro como se do néctar dos deuses se tratasse. Estava provado! Eras tu e não o jogo da sedução que me prendia. Era eu e não um escape ou um recurso que te trazia até mim. Simplesmente precisávamos de falar.

Deste-me nesse encontro marcado, a visão do incrível... a visão de ti...

Fumei cigarro atrás de cigarro, apenas a olhar-te... Não quero falar mas sei que se não falar posso perder o que ainda não me deste. A minha vontade é olhar-te, sempre e a todo o momento mesmo sabendo que não poderei tocar-te ou beijar-te, sem falar, sem pensar em nada e estar apenas envolvido no teu corpo, nos teus olhos, nos teus olhos a olhar para mim, instigando o desejo e fazendo-me vibrar por dentro, fazendo com que o meu corpo reaja sem qualquer estímulo maior que um sorriso... O mesmo sorriso do dia em que te vi pela primeira vez...

Era um dia como outro 1

Nada o fazia prever... Era um dia como outro qualquer, um dia chato, sem interesse. Fui ao café como num dia normal de rotineira pasmaceira...
A certa altura, vindo do nada vi-te ao longe, uma agradável surpresa num dia extraordinariamente entediante. Iluminaste-te como numa peça de teatro e olhaste para mim, sorriste! Dirigi-me a ti e sorri contigo, senti uma cumplicidade proibida que nos comprometia aos dois. Assustei-me e tentei recuar, mas algo como um íman me puxou de novo para junto de ti, acho que queria voltar a sorrir...

Falámos e falámos e falámos até ao ponto de não conseguir parar de te ouvir. Estava completamente viciado em ti... Estava naquele ponto em que tudo em ti me chamava à atenção, do olhar malandro aos movimentos insinuantes de quem está a seduzir... Tremi... tremi e pensei: " Logo num dia como este?"- Pois é, as coisas mudam...
Falavas comigo como se fosse um amigo a quem te confessas mas com a malícia natural de uma mulher que sabe o que quer. Percebi que não tinha fuga, foi nessa noite, nesse momento que percebi que não podia fugir...

Seduziste-me... Melhor, deixaste-me seduzir-te!

Olhava-te nos olhos e sentia o teu calor, mesmo à distância. Falávamos...
Saímos dali para um outro espaço, um espaço onde tudo era possível, um espaço onde a sedução e a provocação era tudo. Senti-me especial... Não sei se o fui, se o sou ou se o serei, mas sei que naquele momento era teu e tu não querias perceber. Desejando-me, lutavas contra nós. Parecia um jogo de intensa sedução que iria terminar como começou... num sorriso ao longe.

Mas não! O jogo continuou, sozinhos, as luzes a tremer e cada um a escolher a banda sonora que queria... Não importa, não quero uma música nossa, quero a minha música para ti e que tenhas uma música pra mim...
Quando menos esperava, eis que surgiu, de uma frase mais certa que todas as outras, um relance do teu corpo. Um leve passar de olhos que tu me permitiste com aquele olhar de quem mostra um desejo inatingível. É incrível o efeito que isso tem... Quase não suportava a ideia de me estares a provocar-me quando sabias que não iria tocar-te.

Irrita-me saber que era um plano... Um plano para entenderes o que até hoje não te dou a entender... Não um plano pensado e estruturado mas um recurso que sabias que iria resultar... Resultou na perfeição, vi, gostei, senti-me nas nuvens... soube no preciso momento que me deixaste observar-te que teria que me dar a ti se quisesse voar.

Um dia banal que, de repente, se transformou numa noite fantástica. Alguém que me devolveu a magia de um sorriso... a magia de uma sedução...a magia de viver.

Copo de vinho

terça-feira, julho 12, 2005
Bebo um copo de vinho, janela aberta, lua a entrar e uma boa música. Olho a lua, vejo uma estrela... Brilha mais do que as outras, lembro-me dos dias que passaram, bebo mais um pouco.Sinto na cara uma brisa fria e ouço no silêncio a voz suave de alguém... "Dá-me um pouco de vinho." Olho para trás, não está ninguém.

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Reflexos da noite espalham-se em mim, começo a brilhar, ofusco-me! Não vejo nada e tudo tão claro.

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Uma melga no ouvido recorda-me que estou ali, sentado a beber vinho, tinha-me perdido por instantes na noite, na luz da lua e no silêncio de uma voz que dizia: "Dá-me um pouco de vinho."Perdi-me num espaço pequeno que só cabia eu, o meu copo de vinho e a voz!

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Começo a pensar, estrago logo tudo. Penso em ti, penso neste ou naquela, penso em amanhã, penso na lua e no sol, penso nas pessoas, não penso em nada, penso no copo e onde está a garrafa.

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Acendo um cigarro, inspiro, transpiro e respiro... fundo... Estou bem, nada me dói, não sufoco, apenas a voz: "Dá-me um pouco de vinho." Ninguém ao meu lado, só eu e a voz...

Estou a ficar louco. Bebo mais um pouco.

Levanto-me, olhos fechados, boca seca, volto a pensar e tudo desvanece, tudo fica mais turvo, estarei bêbedo? Ainda não. Surge uma sombra, à minha frente que está lá, um toque no ombro que não me toca, uma voz que não existe: "Posso beber um copo de vinho contigo?" É então que percebo...

Estou a ficar louco, e bebo mais um pouco.

Porto Vintage

terça-feira, julho 05, 2005
Perguntamos muitas vezes: "Porque é que a vida não me dá o que eu quero???" - Sabemos lá o que queremos... Somos felizes em momentos, temos tudo o que chega para sermos felizes várias vezes na vida e por uma razão ou por outra perdemos essa felicidade... Exactamente porque a felicidade é feita de momentos, mesmo que esses momentos surjam de uma mentira, somos felizes! Não existe felicidade eterna, nem vendendo a alma ao diabo, especialmente se vendermos a alma ao diabo! Mas também de nada nos serve sermos a melhor pessoa do mundo, porque nem assim somos sempre felizes.7
Não sabemos o que queremos e mesmo quando sabemos estamos errados, não fazemos a mínima ideia do que nos possa fazer felizes, excepto quando nos acontece... É mais fácil dizer:" quem me dera que fosse sempre assim" do que: "se fosse assim é que era!!!"

Vivemos, somos felizes, desmorona-se tudo, sofremos, ultrapassamos, seguimos em frente, vivemos de novo e sofremos de novo, só sofremos porque houve felicidade, mesmo que tenha sido mentira, mesmo que tudo não passasse de uma farsa, mesmo que tenha durado um segundo de um olhar, ou apenas uma frase, sofremos porque naquele momento fomos felizes, por conhecermos a felicidade sofremos.
Quem nunca foi feliz não sofre, vive! Até ao dia em que é feliz pela primeira vez, aí sofre porque conheceu a felicidade.

O nosso conceito de felicidade é tão variável que às vezes somos felizes a comer um bolo, outras vezes nem um "amo-te" nos faz feliz. Seremos todos burros? - Não somos todos humanos, somos a mais difícil das variáveis, aquela que nem o Will Hunting conseguia decifrar, somos tão difíceis de perceber que não nos percebemos a nós próprios, nem para sermos bons para nós...

Somos saudáveis e temos isso como um dado adquirido, somos inteligentes e nem aproveitamos, temos amigos e família e não cuidamos... bolas isto é mais do que suficiente para sermos felizes... Mas não, temos sempre que arranjar alguma coisa para nos fazer infelizes, sempre há alguém ou alguma coisa que nos impede de sermos felizes, ora porra...
Ser feliz tem muito que se lhe diga... só somos felizes com o que não temos.
Quando damos a uma criança um doce, é suficiente para ela ficar feliz (agora já é preciso uma playstation2 mas no meu tempo bastava um gelado...) mas à medida que vamos ficando mais velhos o doce já tem que ter umas pitadas de Porto Vintage 1997.
Somos complicados, a verdade é essa, de uma coisa que só por si é boa conseguimos sempre dizer que seria melhor se tivesse "aquele" toque que a tornaria perfeita... não sabemos o que queremos, isso sim!
A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor, brilha tranquila, depois de leve oscila, e cai como uma lágrima de amor.- Vinicius de Moraes

Ele é que sabia... A melhor frase para definir a felicidade e toda a sua inconstância.
Algum dia vou saber ser feliz? Acho que não, não sei ser feliz, não sei o que quero, não sei o que me faria feliz, agora até sou, mas como qualquer um... falta qualquer coisa... Acho que me falta um tal de Carpe Diem que toda a gente fala, falta saborear o tal doce sem precisar do vinho do porto.